terça-feira, 24 de março de 2009

F#d#-se. Eu só quero um mundo melhor.


Para que serve um super-herói?
Na quase totalidade do mito super-heróico apenas para se digladiar com sua contra parte maligna, o super-vilão, é basicamente e praticamente isso que mantém o status quo de super-herói.
O super-vilão apresenta-se como o "equilíbrio" entre o Bem e o Mal ou o Caos e a Ordem, Génese e Nêmese. Essa idéia é muito bem ilustrada na graphic novel "O Cavaleiro das Trevas"(The Dark Knight Returns,1986), de Frank Miller, quando mostra um Coringa catatônico com o desaparecimento do homem-morcego, e pelo filme "Corpo Fechado"(Unbreakable,2000), de M. Night Shyamalan, que diz que se existe um super-herói é dever da realidade que também exista um super-vilão.

Na sátira "Heróis Muito Louco"(Mystery Men,1999), de Kinka Usher baseado na HQ "Mysterymen" de Bob Burden, o Capitão Amazing em seu tédio por ser um super-herói muito eficiente decide libertar seu arqui-inimigo, Casanova Frankenstein, para ter o que fazer.

Bem, na minha opinião, se um super-herói não existe para melhorar o mundo ele não serve para nada.
O mundo está errado, fome, injustiça social e guerra são as normas e tudo que um super-herói faz é procurar por mais alguém com as cuecas por cima das calças para se perder em uma briga sem sentido .
O dito equilíbrio não precisa ser o super-vilão, os poderes e as responsabilidades que pesam, ou deveriam pesar em cima do super-ser são suficientes para se por de frente com as dificuldades humanas, bem mais letais que um super-vilão .
Vinganças, ditadores fictícios de republiquetas fictícias, organizações irrelevantes...
Mas é bem mais facíl criar problemas que usam colante do que encarar todas as miríade da realidade.
“Por que os grupos tradicionais sempre colocam a bandeira de volta em cima da Casa Branca ,não é? Eles sempre espanam as estátuas e consertam as estradas e tudo termina do mesmo jeito que era
antes...”
Grant Morrison em prefácio para o vol 1 de "The Authority",2000.
O Quarteto Fantástico possui o conhecimento e tecnologia para elevar a qualidade de vida da Terra a um patamar de conforto dignos de uma utopia. A fantástica família possui até os segredo do voo interestelar , com qualidades que poderiam saciar por tempos a ânsia intelectual humana, nada de sua vasta experiência ocupa o hall do conhecimento humano.
Principalmente nas fases que a equipe passou pelas mãos de John Byrne e Walt Simonson, problemas de planetas e tempos extremamente longínquos eram resolvidos com dedicação exemplar, enquanto os reveses terrestres, bem mais familiares, eram negligenciados.

O Superman tem como base a auto-suficiente cidade de Metropolis enquanto continentes inteiros precisam de manutenção. Chega a ser patético uma história em que, sob o comando do homem de aço, vários heróis reconstroem a cidade em um, literal , passe de mágica, por que não fazem isso nas cidades destruídas nas guerras civis africanas e do oriente, ou mesmo melhorar as condições das cidades pobres existentes. Metropolis poderia ter se reconstruído sem intervenção meta-humana.

É incrível como o lanterna verde Kyle Rayner(1994-), criação de Ron Marz e Darryl Banks, se esquivava do dever apenas por que nunca pediu para possuir o anel,

ele, bem como o irresponsável “Zenith”(1987-1992), de Grat Morrison, Brendam McCarthy e Steve Yeowell, deveriam dar mais ouvidos a máxima do amigão da vizinhança :”Com grandes poderes vem grandes responsabilidades.”

E se poder é responsabilidade que direitos tem "Sr. Majestic"(Mr. Majestic,criação de Jim Lee com primeira aparição em WildC.A.T.s #12,1993)

e "Loke, O Super-Homem das Galáxias"(Chōjin Rokku,1980-1989,38 volumes),de Yuki Hijiri, de se isolarem do mundo?

Ou mesmo o Superman a seus cinco anos de auto exílio como visto em "Superman: O Retorno"(Superman Returns,2006), de Bryan Singer.

Em "Justiça"(Justice,2005-2007,12 edições), de Alex Ross, Jim Krueger e Doug Braithwaite ,os super-vilões juntam forças para desmoralizar os heróis, o plano é simples, resolver os problemas que assolam a humanidade. Tais mazelas são sanadas com tão relativa facilidade que é dificíl não perguntar por que os heróis nunca tiveram a boa vontade de saná-las.

Nas histórias sobre o ponto de vista do observador médio como no sucesso "Marvels"(1994,4 edições), de Kurt Busiek e Alex Ross, ou "Codigo de Honra"(Code of Honor,1997,4 edições), de Chuck Dixon ,Brad Parker e Tristan Shane.

Não passam de autentificações do absurdo, é de se dar créditos para os policiais de Gotham em "Gotham Contra o Crime"(Gotham Central,2003-2006,40 edições),de Greg Rucka, Ed Brubaker e Michael Lark, talvez por que seja mais facíl lidar com heróis mais inseridos no contexto humano, como Batman, uma das poucas faces genuínamente humanas no hall de criações quase divinas que é a DC Comics.

Bem creditável também a inserção a realidade da exótica subspécie dos "Inumanos"(Inhumans, com primeira aparição em Fantastic Four #45,1965),na mini série em quatro edições de mesmo nome feita por Paul Jenkins e Jae Lee em 1999 .

Há os heróis que enfrentam males específicos, o antigo "Cavaleiro Espacial Rom"(Rom Spaceknight,1979), de Bill Mantlo e Sal Buscema(baseado no design do action figure criado por Bing McCoy), tinha como anseio livrar a Terra da infiltração dos aliens Espectros, quando a ameaça espectral foi neutralizada Rom parte para as estrelas.
Por que parar por aí? Ainda há muito mal na Terra.

Temo que quando o híbrido Blade tiver transformado o último maldito sugador de sangue em pó será o início de sua inatividade .

São poucos que encontram um novo norte como os "WildC.A.T.s"(1992-),de Jim Lee e Brandon Choi, que após a idiota guerra Kherubim/Demonita passaram para a guerra contra o crime(na fase Alan Moore).

No primeiro número da incrível série "Planetary"(1999-2008,27 números),de Warren Ellis e John Cassaday, a chance de melhorar o mundo existe ,todavia envolve mudar a própria civilização e a provavel destruição de Terras de 196833 universos.

Talvez as coisas sejam como na versão 2001 de Garth Ennis e Derick Robertson para o espião “Nick Fury” , que afirma que sua organização , a S.H.I.E.L.D , não existe para melhorar o mundo ,mas para deixá-lo o mais próximo de como está agora, todos seguem o que Roscharch falou "O mundo gritará: 'Salven-nos', e eu sussurarei 'não'".

E nesse meio tempo a Liga da Justiça e os Vingadores derrotam o vil invasor para que os déspotas nativos possam matar e repreender sem serem incomodados.
A pouco tempo o genial e temperamental quadrinista Alan Moore deu as seguintes palavras para a imprensa :
"A principal razão pela qual quadrinhos não funcionam no cinema é que praticamente todo mundo no comando da indústria de cinema é contador. Essa gente sabe somar e equilibrar o livro-caixa, mas para qualquer outra coisa são burros, incompetentes e não têm qualquer talento."
"Tivemos um produtor de Hollywood particularmente obtuso que disse 'vocês nem têm que produzir o gibi, é só colocar o nome de vocês nessa idéia e eu faço o filme e vocês ganham um monte de dinheiro - é... A Liga de Animais Extraordinários! Vai ser como o Gato de Botas!'. Eu só disse 'Não, não, não. Nunca mais mencione isso para mim'."
"A gente precisa de mais filmes-porcaria no mundo? Já tivemos o bastante. E esses 100 milhões de dólares [orçamento de Watchmen: O Filme e de A Liga Extraordinária] podiam acabar com a guerra civil no Haiti. Além disso, os quadrinhos originais são sempre melhores."
"Na época em que escrevi Watchmen, eu ainda acreditava nos bastardos venenosos [os super-heróis], eu tinha uma opinião diferente sobre quadrinhos de super-herói norte-americanos e o que eles significavam (...). Os EUA têm uma afeição desmedida por lutas desleais. É por isso que armas são tão populares lá - porque você pode atacar de surpresa, atirar pelas costas, lutar de forma bastante covarde. O que lá chamam de fogo amigo, no resto do mundo a gente chama de fogo americano."
"Acredito que a grande verdade sobre os super-heróis é que os EUA não iam querer nenhum contra eles. Eles preferem não se envolver em uma briga se não tiverem poder de fogo maior, ou são invulneráveis porque vieram do planeta Krypton quando eram bebês. Acho que essa é a vergonha por trás de todo mito do super-herói norte-americano. É o único país em que esse gênero funcionou. Nós britânicos vamos ver filmes americanos de super-heróis assim como o resto do mundo, mas nunca criamos super-heróis nossos de verdade."
Tirando as críticas feias as adaptações(que merecem ser discutidas em separado), é fato que o barbudo está certo. Politicagem , comercialismo e desinteresse em confrontar a complexa cinética da realidade impedem os super-heróis de melhorarem o mundo.
Já que o tópico "política" foi aberto, Ayn Rand(1905–1982), consultora do House Committee on Un-American Activities nos odiáveis anos do senador Joseph McCarthy(1908–1957), defendia ardentemente em sua ideologia "objetivista", a condenação do "altruísmo" e a dedicação do estado ao bem-estar do povo como um dos mais graves disparates do mundo moderno e exacerbava, assim como Henry Maiksoud aqui no Brasil, o egoísmo empresarial e a ganância desenfreada como receita-mor para o progresso humano. Ou seja: a liberdade e dignidades que devem prevalecer, só podem ser dos titulares das gerações de riqueza, jamais das pessoas abaixo(empregados), que são inferiores aos construtores de riqueza.
Para pessoas como Rand e Maksoud, o que fugir dessa premissa, como a preocupação com o bem-estar geral ou seu simples esboçamento, é passível da acusação de comunismo, e como um sistema que não respeita a propriedade e afronta os hipócritas valores cristãos, deve ser extirpado em prol da perseguição histérica, corrupta e inquisidora tal qual dos tempos de McCarthy, que em muito lembravam os tempos de Hitler e de Stalin ,que diziam estar combatendo. Enquanto as histórias atingiam um grau de maquineísmo que beirava ao ridículo, ninguém reclamava dos extravagantes modelitos femininos do aústero J. Edgar Hoover(1895–1972).

Por conseguinte a tudo isso, a busca de um bem maior e completo é visto como subversão.
Felizmemte, uma era com um mínimo de sensatez reina, e com ela uma geração disposta a revisar o tenebroso passado e suas consequências. É bem possível que a paranóia destes tempos tenha impedido os heróis de transformarem o mundo.
Em "Red Menace"(2007), de Danny Bilson, Paul DeMeo e Adam Brody, o herói Eagle é uma das vítimas de McCarthy por ter lutado lado a lado com o herói soviético Ivan Petrovich "The Bear", nos tempos da guerra.

Por situação parecida passa o herói aviador "Falcão Negro"(Blackhawk,1941-), antiga criação de Will Eisner(1917-2005), Chuck Cuidera(1915-2001), e Bob Powell(1916-1967), revisada em uma mini-séie de 1986 por Howard Chaykin, onde o herói de guerra também tem de explicar suas associações.

No excelente e nostálgico "DC: A Nova Fronteira"(DC: The New Frontier,2003-2004), de Darwyn Cooke, racismo, desrespeito aos direitos civis, censura à liberdade de expressão ,sexismo e perseguições políticas inconstitucionais estão em voga, bem como a crescente ameaça nuclear. As infelizes políticas do pós-segunda guerra coloca os heróis na ilegalidade como subversivos, a luta para dar um caminho seguro ao mundo também é um combate e fuga das forças do governo. É um trabalho hercúleo dar um rumo a um mundo que não quer ser mudado.

A política de contenção comunista também é um entrave para o super-herói brasileiro "Pulsar"(1993-), de Arthur Garcia, depois que o herói desenvolve consciência social(e volta de uma viagem a Cuba), o regime militar o tira de circulação em 1974.

Na mal-afamada saga "Heróis Renascem"(Heroes Reborn,1996-1997),da Marvel Comics, o Capitão América é desativado por não dar apoio ao presidente Truman(Harry S. Truman,1884–1972), no bombardeio atômico do Japão.

Em "Power and Glory"(1994), de Howard Chaykin, o super-herói A-Pex não serve para nada senão para ser uma propaganda voadora da Casa Branca, emquanto A-Pex beija bêbes e tira gatos empoleirados em árvores, um agente da C.I.A. mata e corronpe para manter as aparências.

"Os Retaliadores" de "“The Nazz”(1988), de Tom Veitch e Bryan Talbot, também não passam de propaganda da administração Bush(o pai, quase tão energumeno quanto o filho).
Os Especiais de Paderson, de "Rising Stars: Estrelas Ascendentes"(Rising Stars,1999-2005), de Straczynski, foram controlados demais e depois hostilizados demais, em vez de construir um mundo melhor, esse mesmo mundo terá que suportar a sua fúria.

A arrojada versão de "Miracleman"(ou Marvelman em solo britânico,1982-1984) de Alan Moore, tinha todo o seu potencial retido pelos militares que o criaram e o fizeram viver em uma mentira.

O "Great Ten"(surgidos na mini série "52",2006), de Grant Morrison, super grupo do governo chinês, é uma deslavada propaganda da China comunista ao mundo.

O Great Ten, na dinâmica do universo DC, ocupa o status dos velhos "Sovietes Supremos"(primeira aparição em Green Lantern Corps #208,1987), de Steve Englehart e Joe Staton.

Nos anos 1980, com a humanização dos heróis, poder nem sempre significava pronta responsabilidade, ou o entendimento pleno desta.
Mesmo nos clássico absolutos como "Watchmen"(1986-1987,12 edições), de Alan Moore e Dave Gibbons, e o "Cavaleiro das Trevas", de Frank Miller,

são os heróis humanos normais que tem de salvar o mundo da terceira guerra mundial, emquanto os poderosos(Dr. Manhatam e Superman, respectivamente)se deixaram tomar partido e são apenas pesos na balança do terror.

O mesmo vale para o ótimo e recente "Esquadrão Supremo"(The Squadron Supreme,2006-),de J. Michael Straczynski e Gary Frank ,na sequência "Esquadrão Supremo :Falcão da Noite Vs. Hyperion"(Squadron Supreme: Hyperion vs. Nighthawk,2007),de Marc Guggenheim e Paul Gulacy, Falcão da Noite é o único a fazer algo para amenizar a tragédia humanitária de Darfur, no Sudão, o super poderoso Hyperyon tem que ser forçado a ajudar (embora seja oficialmete enviado para dar apoio ao corrupto governo local, sabe o que tem que ser feito), mesmo o supergrupo do continente julga a situação deveras complexa para se envolver. É de se perguntar por que nem ao menos tentam.

Este Esquadrão Supremo da Marvel Max é baseado no velho Esquadrão Supremo da Terra 712(com primeira aparição em "Avengers", números 85 e 86,1971), de Roy Thomas, que começaram como uma homenagem a Liga da Justiça e acabaram ocupando minhas lembranças como os primeiros super-heróis que fizeram algo de relevante pelo planeta.

O super-homem comum, Michael Nazareth, o protagonista de “The Nazz”(1988), de Tom Veitch e Bryan Talbot, poderia ter sido o líder da última revolução , no entanto seu ego pôs tudo a perder.

O herói "Nuclear"(Firestorm,1978-), na fase de John Ostrander, estava empenhado em desmantelar os arsenais atômicos das superpotências, foi um disparate o número de heróis que tenta dar fim a sua empreitada, quando deveriam ajudá-lo.
"Eu não dei a eles o direito de explodir o mundo, ninguém deu.".

Na série "Ultra"(2004-2005), dos irmãos Luna, os poderes são usados para autopromomoção e um sem número de futilidades. Não é a toa que seja descrita como um "Sex and the City com poderes" .

Autopromoção também povoa parte do elenco de "Supremos"(The Ultimates,2002-), de Mark Millar e Bryan Hitch .

Em "Zenith" o supergrupo "Nuvem 9" se nega a dar apoio aos Estados Unidos no Vietnã, mas pararam por aí, e os heróis anarquistas que abundam as Terras do multiverso pouco fazem para honrar sua ideologia.
No especial "Superman :Paz na Terra"(Superman: Peace on Earth,1998), de Alex Ross e Paul Dini, o homem do amanhã tenta por fim a fome mundial, truculência e mesquinhez permeiam seu caminho e o homem de aço...desiste.

Trabalho melhor faz a princesa amazona em "Mulher Maravilha: Espirito da Verdade"(Wonder Woman :Spirit of Truth ,2001), também de Ross e Dini, a embaixadora de Themiscyra no mundo do patriarcado se molda para poder levar a justiça a todos os nichos necessários.

O "Illuminati"(2005), de Brian Michael Bendis e Steve McNiven, fazem um ótimo trabalho tirando a criatura Beholder do planeta, mas como arquitetos dos caminhos super-humanos parecem ignorar o vasto poder de mudança que tem em mãos.

Em "SJA :Reino Sombrio"(JSA: Black Reign,2003),de Geoff Johns ,o ex-vilão Adão Negro e um grupo de meta-humanos decide libertar o país oriental de Kahndaq da sangrenta tirania de Asim Muhunnad, que sistematicamente ignora os apelos das Nações Unidas. Todavia, Adão Negro não tem planos de dar a sofrida e alienada população de Kahndaq a justa democracia.

Em "Crise de Identidade"(Identity Crisis,2004,7 edições), de Brad Meltzer e Rags Morales, mostra que mesmo os símbolos de integridade podem guardar os mais obscuros segredos.

Mesmo em universos onde a presença super-heróica se faz mais sentir, não existe garantia de um mundo plenamente acertado.
No Elseworld (ou Túnel do Tempo) "Superman: Entre a Foice e o Martelo"(Superman: Red Son,2003), de Mark Millar e Dave Johnson, o Superman comunista comanda na União Sovética global uma utopia forçada que se encaixa perfeitamente nas palavras de Zygmunt Bauman,em seu livro "Modernidade Líquida"(Liquid Modernity,2000),: "A sociedade totalitária da homogeneidade compulsória, imposta e onipresente(...).".
E onde dar vazão a descontentamentos e certas idéias pode ser muito perigoso.

Na distópica "Marshal Law"(1987-), de Pat Mills e Kevin O'Neill, os super-heróis enlouquecidos pela grande guerra na Amazônia deterioram a sociedade.

No Brasil alternativo de "Tropa de Choque 1994"(2000), de Klebs Júnior,temos uma nação cinsida pela guerra civil e com os super-humanos sendo usados como unidades avançadas pelos lados rivais.

Tropa de Choque de certa forma antevê o que seria HQ "War Heroes"(2008,6 edições), de Mark Millar e Tony Harris onde o conceito de "Guerra Civil"(Civil War,2006-2007),de Mark Millar e Steve McNiven, é extravasado, quando os Estados Unidos ,vitimados por suas políticas malogradas de guerra ao terror, se fragmentam em um arremedo de sua glória anterior e somente os meta-humanos podem salvar a pátria.

Voltando ao caso do Superman comunista, ele realmente acreditava estar fazendo o melhor para a humanidade, as noções de bem e mal tem sua relatividade, no universo corrente do Superman, ele também acreditava estar fazendo o melhor quando enviou um exército de duplicatas andróides vigiar o mundo.
Essa relatividade e as noções de até onde vai o heroísmo podem ser magistralmente bem ilustradas em "Black Summer"(2007-2008), de Warren Ellis e Juan Jose Ryp, onde o herói John Horus assassina o presidente Bush por sua débil conduta para com o planeta, principalmente quanto a interminável guerra no Golfo, que Hórus julga como ilegal. É sua maneira de sacrifício em prol das vidas que são e seriam perdidas por causa da ingerência do governo.

A ação de Horus é similar a de Ozymandias de Watchmen, Adrian Veidt sacrifica milhões de nova yorquinos para salvar bilhões de todo o planeta da ato drástico final da Guerra Fria, Horus elimina um presidente inepto para tentar impedir o sacrifício inútil de milhares, porém John Horus não tem a cobertura intelectual de Veidt.

É fato de que a Terra é vulnerável a uma série de perigos que o vasto bestiário do universo contém, como meteoros, cometas,explosões gama, o Big Rip. É possível que sagas como “Crise nas Infinitas Terras”(Crisis on Infinite Earths,1985-1986,12 edições), de Marv Wolfman e George Pérez,

a fase de Wolfman e Pérez para os “Novos Titãs” - (Teen Titans,com debut em The Brave & the Bold #54,1964), de Bob Haney(1926-2004) e Bruno Premiani(1907-1984)- , personagens de uma psicologia tão bem construídos merecem ser considerados.

E o especial “Liberdade e Justiça”(Liberty and Justice,2003), de Paul Dini e Alex Ross, cristalizem bem essa estirpe de potenciais fins.

Sobre a inspiração super-heróica, podese-se dar exemplo o bom "Kick-Ass"(2008-), de Mark Millar e John Romita Jr. ,

mas dentro do próprio universo super-heróico não é devidamente explorado a inspiração que os heróis inspiram no homem comum, geralmente não passam de casos como os vários Supermens(Aço, Cyborgue, Erradicador e Superboy) do evento caça-níqueis "A Morte do Superman"(The Death of Superman,1992),

mais êxito tem "Um Conto de Batman - Devoção"(Batman ,Legends of Dark Knight #21,1989),de Mike W. Barr e Bart Sears ,

que é praticamente um revisão da gangue "Os Filhos do Batman" vistos em Cavaleiro das Trevas.

Estes dois últimos apresentam as mesmas questões sobre as diferenças entre heroísmo e vigilantismo do filme "Batman : O Cavaleiro das Trevas"(The Dark Knight,2008),de Christopher Nolan.

Ou as idéias errôneas que podem incutir, como na pós-moderna tragédia grega de "Mulher Maravilha: Hiketeia"(Wonder Woman: The Hiketeia,2002), de Greg Rucka e JG Jones.


Há esperança?
Creio que sim.
No arco de histórias que compreende as edições de "The Invencible Iron Man" #73, 74, 75, 76, 77 e 78(de 2005, por aqui o especial "O Invencível Homem de Ferro"), de John Jackson Miller e Jorge Lucas, Tony Stark, alterego do gladiador dourado empreende uma árdua luta pela vaga de secretário de defesa.
"Ninguém mais precisa morrer em uma guerra."
Stark quer mudar o mundo fazendo uso do único poder que parece ser levado a sério, a política .

É o mesmo caminho tomado por Mitchell Hundred, dentro da série "Ex Machina"(2004-), de Brian K. Vaughan, o ex-herói Grande Máquina, impedido de agir como super-herói Hundred é eleito prefeito de Nova York após parar o vôo 175 da United e salvar uma das torres do World Trade Center.

O herói socialista Arqueiro Verde, sobretudo na fase Neal Adams e Dennis O'Neil, de 1969 a 1983, em que fazia parceria com Lanterna Verde, atuou nas primeiras, creio eu, HQs a parar de fingir que o problema das drogas e do preconceito não existem.

Digna também sua participação em "Os Caçadores"(Green Arrow: The Longbow Hunters,1987,3 edições), de Mike Grell, onde se envolvia com questões envolvendo a CIA e os Contras da Nicarágua.

O liberal, e paranóico "Questão"(The Question,com primeira aparição em "Blue Beetle" #1,1967), de Steve Ditko, na fase Dennis O'Neil e Denys Cowan

, juntamente com seu destaque na série na genial série animada "Liga da Justiça Sem Limites"(Justice League Unlimited,2004-2006,39 episódios),de Bruce Tinn e Paul Dini.

Na série japonesa "Jiraya , O Incrível Ninja"(Sekai Ninja Sen Jiraiya,1988-1989,50 episódios),da Toei Company ,Toha Yamaji ,o herdeiro das armas dos Togakure, sacrifica um modo de vida melhor em favor de um objetivo mas nobre.

Em Liga da Justiça Sem Limites, a Liga toma para si a responsabilidade total de defesa da Terra o que lhes faz resistir as investidas do governo, como os Ultimen(uma bela alusão aos "Super Amigos") , e confrontar o negro futuro dos Lordes da Justiça.



A versão Ultimatte de Thor só ingressa nas fileiras dos Supremos após ter sua exigência da ajuda internacional do governo estaduninse ser dobrada atendida. Os mesmos Supremos ao final do vol. 2(2005-2007) desligan-se do governo americano e passam para as Nações Unidas como mostra de consciência do que deve ser feito.

A categórica visita dos X-Men ao Salão Oval, no filme "X-men 2"(também conhecido como X2, X2:X-Men United, X-Men 2: X-Men United, 2003), de Bryan Singer

, baseado na bela graphic novel "Deus Ama , O Homen Mata" (também conhecida no Brasil como ”O Coflito e uma Raça”,God Loves,Man Kills,1982),de Chris Claremont e Brent Anderson .

O flagelo da pirataria, o Fantasma(The Phantom,1936-), de Lee Falk(Leon Harrison Gross,1911-1999), em "Fantasma,The Ghosts Who Walks(The Phantom-The Ghosts Who Walks,1995,3 edições), de Dave Dravies e Glen Lumsden, combate o vigente poder injusto que tomou conta da nação de Bangalla.

O Fantasma acaba indo mais longe que os desafios aos repressivos
Atos Patrióticos, de Matt Murdock, o Demolidor(DareDevil,1964), na série da “Viúva Negra”(Black Widom,2004-2005,6 edições), de Richard K. Morgan e Bill Sienkiewicz, para o bom selo Marvel Knights.

No final do excelente e cataclísmico "Reino do Amanhã"(Kingdom Come,1997,4 edições), quando no pulpito da Nações Unidas o Superman declara que os pós-humanos não mais trabalharão para a humanidade, mas sim com a humanidade.

A rebelião do Capitão América contra o controle federal no evento "Guerra Civil".

Na interessante HQs nacional "A Corporação"(2008-), de Álvaro Campos e Fernando Azevedo ,um grupo de meta-humanos empenha-se em livrar o mundo da miséria infligida por um grupo de interesses ,que tem seus próprios super-humanos.
"Num mundo onde o que conta é a capacidade de produzir e gerar riqueza, eu sempre me perguntei se homens com poderes especiais dedicariam seu tempo a causas voluntárias como os super-heróis da nossa infância faziam. A indústria bélica, uma das mais ricas do planeta, me pareceu o ponto de partida mais natural se houvesse pessoas assim. Mas, nas nossas histórias, assim como todo jovem que amadurece, essas pessoas superpoderosas irão criticar o mundo ao seu redor e buscar papéis para si muito além dos naturais", explicou Álvaro Campos.

É o mesmo caminho já tomado pelo super-grupo revoluonário "The Authority"(1999-), de Warren Ellis e Bryan Hitch, que após derrotar uma nação terrorista pós-humana, uma Terra paralela e deus, volta-se para o conserto do planeta. Forçar as tropas russas a deixarem a Chechênia, as chinesas a saírem do Tibet e dar amparo a refugiados é só o inicío.
"Uma Terra já foi, Só falta mais uma", diz a Espírito do Século XX, após mudar o eixo de poder de uma Terra paralela(também é dela a frase usada como título deste post).
Seu confronto com a super-equipe do G-7 é provavelmente o modelo para a estréia de "A Corporação".

“Mas estas histórias sempre foram sobre aquila coisa que as aventuras dos super-heróis nunca parecem tratar: fazer do mundo um lugar melhor do que era quando o encontraram.”diz Warren Ellis o prefáco do primeiro volume.
É bem possível que isto tudo seja um apanhado de besteiras, me apoio nas palavras do pária skrull Fix:

"Não há problemas em falar besteiras Jaq...quando se fala de um sonho. De um destino melhor para todos e do ser que pode nos levar até lá."
X-Men Premiun #7(2001)