sexta-feira, 26 de março de 2010

Regeneração

Sinopse da capa:" Os rivais combatentes do Vietnã, que haviam sido ressuscitados em um programa militar de supersoldados, voltam a se enfrentar. Luc Deveraux (Van Damme) volta à ativa para combater a nova geração de soldados modificados geneticamente, liderados por NGU (Andrei “Pitbull” Arlovski), que tomam de assalto a velha usina de Chernobyl e ameaçam provocar uma nuvem radioativa. Para seu azar, um dos soldados reativados é um clone de seu antigo sargento, Andrew Scott (Lundgren)."
Na Rússia, um casal de irmãos está em um museu, pelo número de seguranças que os guardam chega-se a conclusão que a dupla é um pouco mais do que filhos abastados dos novos ricos do capitalismo russo.
O rápido e violento sequestro que os espera do lado de fora confirma a suspeita, são filhos do primeiro ministro russo e serão usadas como parte da barganha do líder separatista de Pasalan(uma espécie de Chechênia fictícia), comandante Topov(Zahari Baharov), na libertação de prisioneiros políticos. Apesar de serem apenas três sequestradores, um deles dá toda vantagem armada contra equipe de seguranças e a polícia, seu corpo se recusa a cair diante das balas que adentram sua carne, enquanto os outros caem.Topov ainda extende a chantagem ao tomar de assalto a cidade evacuada de Chernobyl, com sua mal afamada usina onde planta explosivos que em 72 horas explodirão o terceiro reator quantificando para mais a tragédia de 86 e multiplicando para 100 o holocaústo no Japão.
Este punhado de cenas de fotografia crua e quase sem retoque e refino de Peter Hyams (2010: O Ano em que Faremos Contato, Outland - Comando Titânio)promove a volta de um dos maiores sucessos de Jean-Claude Van Damme e uma das pequenas produções de ficção científica mais bem realizadas da década de 90, "Soldado Universal". Iniciada em 1992 com "Soldado Universal"(Universal Soldier), escrito por Richard Rothstein, Christopher Leitch e Dean Devlin, com direção de Roland Emmerich - os dois útimos em seu período mais criativo, menos plagiador, comercial e incompetente

-, a película partia da premissa da ressureição de soldados abatidos para transformá-los no guerreiro perfeito, o novo filme estabelece como "Projeto Torre Negra".
No primeiro filme, os soldados batidos em questão eram uma unidade do Vietnã em 1967, onde o enlouquecido sargento Andrew Scott(Dolph Lundgren, de "Red Scorpion") mata todos os seus companheiros, com exceção do soldado Luc Deveraux(Jean-Claude Van Damme, de "Cyborg - O Dragão do Futuro"), e promovia um massacre a moda de My Lai, com o requinte de ostentar um colar de orelhas dos mortos.Ao recusar a proposta de Scott de matar uma civil vietnamita a fim de provar sua lealdade, Deveraux é morto, mas leva Scott consigo. Na manhã seguinte, um esquadrão das Forças Especiais encontra seus corpos, o comandante dá ordens para colocar os corpos dos combatentes em sacos cheios de gelo e instrúi seus subordinados a nunca discutir com ninguém a verdade do que realmente aconteceu. A história sofre um salto até os anos 1990, onde os velhos soldados retornam como as mais avançadas máquinas de matar, Luc Deveraux é agora GR44 - referência ao primeiro filme de Emmerich nos Estados Unidos, "Estação 44 - O Refúgio dos Exterminadores"(Moon 44, 1990)- ,
e Andrew Scott tem o código GR13, junto de outros que foram revividos, programados e aprimorados, eles são a elite.

Como era de se esperar, a loucura de Andrew Scott/GR13 anula a programação novamente dando ao mundo o louco de colar de orelhas, desta vez poderoso e fortemente armado, o que transforma este primeiro filme enfático no quesito acerto de contas.
Soldado Universal , foi um sucesso considerável, e como todo sucesso considerável, o merchandising veio em sua trilha .
Soldado Universal ganhou duas sequencias para a TV "Soldado Universal 2"(Universal Soldier II: Brothers in Arms, 1998) e "Soldado Universal 3"(Universal Soldier III: Unfinished Business, 1998), ambos com direção de de Jeff Woolnough e com Matt Battaglia como Luc Deveraux, os dois filmes, bem descartáveis, davam continuidade dieta o primeiro filme, com a frequente fuga de Deveraux da CIA e do novo programa Soldado Universal. Os dois filmes são completamente desconsiderados com o retorno de Van Damme em "Soldado Universal: O Retorno"(Universal Soldier: The Return, 1999), com direção de Mic Rodgers.
O Retorno, sem Roland Emmerich na direção, Van Damme, recém saído do pretencioso "Legionário"(Legionnaire, 1998), de Peter MacDonald, que já lhe dava o hábito de trabalhar para grandes estúdios - e que desfrutava uma boa fase desde o primeiro filme do talentoso artista do tiroteio John Woo para o ocidente, "O Alvo"(Hard Target, 1993) - , retoma o personagem que alavancou o ator belga dos filmes de segunda linha para as produções do cinema Hollywoodiano(financeiramente bom, mas que na prática não quer dizer nada no quesito intelectual). Soldado Universal – O Retorno ignorava por completo as continuações de Woolnough e parte do primeiro filme, fazendo de Deveraux um indivíduo completamente readaptado a vida cotidiana, e um dedicado pai viúvo(?) que trabalha como um consultor técnico do novo projeto especial do governo envolvendo a fabricação de uma nova raça de soldados, ainda mais forte, sofisticada, inteligente e ágil do que a geração de Deveraux e Scott. O fator descontrole deste filme é o computador responsável pela criação dos novos soldados universais, o S.E.T.H.. O que já era um filme sofrível - que como a maioria dos filmes sofríveis de Holywood teve uma vasta publicidade, que contava inclusive com o clipe "Crush ´Em" da boa banda, em um CD ruim, Megadeth, que em 2001 tomou o bom velho rumo de volta na trilha sonora do game , baseado na famosa revista, "Heavy Metal: Geomatrix", da Capcom-, ficou pior com a presença de S.E.T.H, que nada mais era que um plágio da célebre máquina sensciente HAL 9000, do clássico absoluto "2001 - Uma Odisséia no Espaço". A réplica chega ao extremo de copiar toda a sequencia, quase que quadro a quadro, de 2001 em que HAL lê os movimentos labiais de David Bowman (Keir Dullea) e Frank Poole(Gary Lockwood).Um dos pouquíssimos créditos que dou a esse filme, citado pelo próprio Van Damme como um dos piores trabalhos de sua carreira e causador de seu rompimento com os grandes estúdios, é o de ser uma das primeiras mídias de entretenimento a apresentar o rifle XM29, embora modificado para o filme. "Soldado Universal 3: Regeneração"(Universal Soldier: Regeneration, em algúns países "Universal Soldiers: The Next Generation",2010), de John Hyams, filho competente do diretor Peter Hyams, que dirigiu Van Damme em "Timecop, O Guardião do Futuro"(Timecop, 1994) e "Morte Súbita"(Sudden Death, 1995), Van Damme retoma a parceria com o produtor Moshe Diamant(Risco Máximo, O Alvo e Morte Súbita).
É o retorno de Van Damme ao cinema de ação, depois de seus chiliques shakespearianos após o elogiado drama "JCVD"(2008), de Mabrouk El Mechri,
entendo por que o drama é estilo escolhido pelo ator que é rapidamente reconhecido por apenas um tipo de filme, como Mickey Rourke(de "Domino") em "O Lutador"(The Wrestler, 2008), de Darren Aronofsky, e Jackie Chan(de "A Armadura de Deus") no "Massacre no Bairro Chinês"(San Suk Si Gin, 2009), de Tung-Shing Yee,
que felizmente, como devia ser com todo ator, não deixaram se prender ao papel dramático como Van Damme que se viu como a própria encarnação de Hamlet, o maior estrago decorrente disso foi a recusa de participar do filme/tributo de ação de Stallone, "Os Mercenários"(The Expendables, 2010)
- que Stalone pega emprestado o símbolo da Shadaloo, a organização terrorista baseada no sudeste asiático, do game Street Fighter - .
Hyams "Júnior" sensatamente ignora o "Retorno" e parte do final do primeiro filme, faz deste terceiro filme uma espécie de "Highlander 3 - O Feiticeiro", que pelo bem de sua cinética e história faz de conta que o segundo filme, "Highlander, a Ressureição" nunca existiu.
sobre o roteiro do israelense(canadense de nascimento) Victor Ostrovsky, Hyams esmiuça o universo de Soldado Universal dando detalhes a trama, como o envolvimento dos cridores dos soldados otimizados - que no roteiro de Richard Rothstein para o primeiro filme nem, sequer eram mencionados - o desertor Dr. Colin (o canadense Kerry Shale, de "Genova") e o Dr. Poter (Garry Cooper, ator inglês da segunda versão de "1984").Como seria um pouco deselegante lidar com o orgulho russo sobre a questão chechena, são os rebeldes do ficticio Pasalan que entram em cena, cujo comandante Topov assegura o sucesso do sequestro das crianças russas com os serviços do Dr. Colin, cujo trabalho se concretiza sob a forma de seu soldado universal de segunda geração, o único o protótipo NGU, que exterminou o resto de sua extirpe, (o lutador bielorusso de vale-tudo Andrei Arlovsky), programado para guardar os explosivos do reator de Chernobyl.
Co-criador da segunda geração de soldados universais, o Projeto Torre Branca, Colin mantém a única mostra da nova geração, o protótipo NGU, como dito no segundo filme, comparado a primeira geração, "é como um laser perto de uma flecha.", é o que expõe o Dr. Poter as céticas forças combinadas russas-estadunidenses ao pedir para deixarem a tarefa para os quatro dos cinco remanescentes da primeira geração Unisol,
pois estarão combatendo um espécime extremamente rápido, forte, imune a radiação, que segue sua programação sem questionar e que não sente dor, o que pode ser devidamente conferido nas cenas da reposição de braço do NGU.
A verocidade da analogia da flecha e do laser pode ser vista no ataque ao covil terrorista de Chernobyl, onde as tropas combinadas tem contra os mercenários Topov, até que o comando passa a tarefa de resgate e desarmamento dos explosivos para a pequena e recém reativada tropa Unisol que é massacrada pelo NGU, com o comando da missão como platéia atônita, que em seguida oblitera quase por completo as tropas (ênfase para o combate com o último soldado universal da primeira geração).Enquanto isso o aclamado melhor fruto do pioneiro Torre Negra é o protagonista do interessante Projeto Phoenix, onde a Dra. Sandra Flemming(a inglesa Emily Joyce) em um intenso tratamento tenta trazer de volta ao convívio social a máquina de guerra Luc Devereaux. Aqui Hyams ignora o final do primeiro filme dando acertadamente uma psicologia mais intensa aos outrora ralos personagens.O cuidado de Hyams otimiza a idéia de que os soldados revividos são mais computadores táticos do que pessoas, tanto que no caso do NGU a única forma de não ser morto por suas mãos é portar um chip de segurança. A reintegração de Devereaux ao Unisol com sua seu subsequente treinamento e retrocesso talvez definitivo no trabalho da Dra. Flemming ("Reabilitação não fazia parte desse modelo.").Não existe um mínimo de preocupação com o que a reversão do tratamento da Dra Flemming pode significar para Deveraux, não há por que ter tanto capricho com um instrumento de guerra.que culmina em um ataque de Devereaux a ela mesma e ao enfermeiro dando fomento a qualidade de arma a Devereaux, quando este cessa a violência apenas em frente a seu espantado superior hierárquico, o coronel John Coby (Corey Johnson, de "Ultimato Bourne").Diferente do final do primeiro filme, não há lita heroíca para Devereaux, que mais do que nunca é a arma GR44, só existe uma programação a ser seguida. A partir do conjunto de cenas com Deveraux atacando Chernobyl e eliminando todos a sua frente o filme tem sua cinética marcada como um bom game shooter, só encontrando paralelo com as cenas em primeira pessoa da adaptação do game "Doom"(1993), da id Software,"Doom: A porta do Inferno"(Doom, 2005), de Andrzej Bartkowiak, o qual as cenas em questão constituem a única coisa a valer o ingresso. Estas cenas de "game" parecem ter como sua verdadeira fonte de inspiração as frenéticas sequências do fantástico "Gamer"(2009) , de Mark Neveldine e Brian Taylor, ou simplesmente Neveldine/Taylor.
Entrementes, é mostrado que o traidor Dr. Colin tem outro engradado de resfriamento (resfriamento, alías, necessário a manutenção de um Unisol e completamente esquecido em O Retorno)que o trata como sua garantia. A observação de Colin para com seu assistente Miles(Kristopher Van Varenberg, que já interpretou o jovem Luc Deveraux no filme de 1992), sobre o quanto este gastou tempo replicando ovelhas, dá a pista sobre o que se pode esperar, o retorno de Andrew Scott.
Entrevistado pela MTV, Van Damme disse, além do seu curto tempo de gravação:
"Eu disse a eles, 'tragam Dolph'! Mas os caras dizem que ele não tem apelo ao público. E eu respondi - 'ele tem apelo pra mim'!"Um detalhe deveras interessante e digno de crédito introduzido neste filme é a série de perguntas feitas ao Soldado Universal com o intúito de avaliar seu bom, ou mau, funcionamento ("Você costuma contemplar a complexidade da vida?"), um tipo de pesquisa de rotina, o simples "sim" ou o "não" dão o insigth de como anda a "máquina".
O clone de Scott, bem como sua matriz, ainda é o amálgama de fator humano e síndrome de Frankenstein, sua psicose aliada a um rudimento de consciência, emergidos após matar Topov, quebra a programação fazendo disso o fim de todos a sua volta . Lundgren proporciona o ótimo climax psicológico com "O que eu sou?!" .Embora pode-se criticar que a participação de "Dolph" seja pequena, ela com certeza não é inespressiva, Lundgren conseguiu trazer Scott de volta tal qual como deveria ser. Nenhum chip de segurança o impediria de espalhar o caos.Sempre comparei Andrew Scott ao personagem - simbolo da distribuidora, subdivisão da Central Park Media, U.S. Manga Corps, ou como era conhecido aqui no programa U.S. Manga Corps do Brasil - insano e homicida Geist dos longas de animação "M.D. Geist"(Sokihei M.D. Geist, 1986) e "M.D. Geist II: Death Force"(1996), de Koichi Ohata. Não importava para onde ou quem iria a carnificina, desde que Geist continuasse lutando.Como diz Alfred (Michael Caine) em "Cavaleiro das Trevas"(The Dark Knight, 2008), de Christopher Nolan: "Há homens que só querem ver o circo pegar fogo."Mesmo os personagens humanos normais, como sempre pegos de surpresa no tornado dos acontecimentos, não são, como de praxe, deixados mais fracos para que as aberrações pareçam fortes, em principal a figura do capitão Kevin Burke(Mike Pyle, também lutador do MMA).A violêcia é tangivel sobre a sóbria fotografia de Hyams, o sangue espirrando sobre as lentes da câmera com a simples, mas penetrante trilha sonora de Michael Krassner e Kris Hill embalando os precisos movimentos de Deveraux com a faca sobre seus oponentes. A trilha sonora remete a filmografia do cult John Carpenter com seus encores musicais incisivos, sobretudo Regeneração relembra os clássicos "O Enigma de Outro Mundo"(The Thing, 1982) e "Fuga de Nova Iorque"(Escape from New York, 1997).




"Outra peça que usamos foi o grupo Tangerine Dream que fez uma excelente nota para o filme "Comboio do Medo"(Sorcerer, 1977, de William Friedkin) que tem uma nota de filmes como Blade Runner..."Se Scott é o subchefe neste game, o chefe final no caminho da desativação dos explosivos sobre o reator de Chernobyl e o resgate das crianças do honrado político russo é o poderoso NGU. O caso da atuação de Arlovski, que de longe é quem mais aparece no filme, foi uma escolha feliz por um competente diretor, diferente de O Retorno onde a contratação do profissional de wrestler Bill Goldberg(como Romeo/UniSol 2500) só fez por ter mais um ator para um diretor energumeno constranger.Como a pequena pérola da época de O Retorno, o bom "Soldado do Futuro"(Soldier, 1998), de Paul W.S. Anderson, rgeneração é a resistência do velho ao domínio do novo, tema que também era o recorrente no péssimo O Retorno. Se durante a luta de Deveraux com o exército mercenário de Topov se vê um Van Damme coreograficamente revigorado, o embate final da primeira e segunda geração Unisol, vemos Van Damme sem os movimentos que o tornaram famoso a ponto de se tornarem clichês, mas sim o ator completamente adaptado ao agíl estilo de luta de Arlovski. No final de Regeneração a situação é controlada, a catástrofe radioativa é anulada e os infantes russos salvos, no entanto não chega a ser um final feliz para o novamente "comissionado" Deveraux que prossegue correndo do mesmo modo que adentrou no cenário. A derradeira cena com o Dr. Porter inspecionando sua nova fileira de clones diz que por mais que as coisas saiam dos eixos nunca aprendemos a lição.
Regeneração não era esperado e nem mesmo necessário, a licença poética do perigo vindo de Chernobyl - que não oferece mais nada além de tétano para quem visita e minhocas de dois metros de comprimento - , uma Chernobyl filmada na Bulgaria e convincente para quem não sabe como é uma usina nuclear, e mais o fato de ser lançada direto para DVD simplesmente não tira seu brilho, e, em uma época tão pouco criativa e rebuscada "Soldado Universal: Regeneração é mais do que um pedaço estilisticamente contemporânea e nostálgico do final dos anos 80. A verdade é que o filme abrilhanta e amadurece uma saga tratada com tanto descaso.










"...filmes que influenciaram a minha idéia de ficção científica e filmes de ação, tomando todo o trabalho que fiz em documentários e o trabalho que fiz no MMA, tendo todos esses elementos e colocá-los em conjunto para criar um estilo de filme que eu acho que é muito diferente para os dois primeiros filmes, mas eu acho que os fãs dos dois primeiros vão gostar e talvez pessoas que para isso vão vê-los e aprecia-los.

Até a próxima e que a força esteja com você.

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