domingo, 9 de setembro de 2012

Guerra dos Mundos( original 23/09/2008, revisado em 08/2012).

"Guerra dos Mundos"(The War of the Worlds,1898) do prolífico escritor inglês H. G. Wells(Herbert George Wells, 1866–1946), foi a primeira , e talvez a mais conhecida , obra de ficção a tratar de uma invasão alienígena.
Tal como o francês Jules Verne(Jules Gabriel Verne,1828–1905), outro pai da ficção contemporânea, Wells soube aproveitar muito bem a efervecencia científica do final do século XIX, principalmente as descobertas e especulações científicas relativas a astronomia, em especial o planeta Marte.Em uma época em que a razão era louvada mas ainda ficava a mercê da superstição e fantasia, as teorias mais descabidas atingiam picos de credulidade. Um caso bem revisado são as publicações de Percival Lowell(1855–1916), seus livros "Mars"(1895), "Mars and Its Canals"(1906) e "Mars, As the Abode of Life"(1908), esmiuçam o que se pretenciosamente sabia-se até então sobre o astro e sua suposta civilização.Influenciado pelo livro "La planète Mars et ses conditions d'habitabilité"(1892), do astrônomo e autor francês Camille Flammarion(1842–1925), que mais tarde escreveria a interessante ficção apocaliptica "La Fin du Monde"(1893), adaptado para o cinema em 1931 por Abel Gance(1889-1981).
Lowell , cuja maior contribuição para ciência foi ter dado o fornecimento dos meios que levaram a descoberta do planeta Plutão(hoje classifacado como planeta-anão), era um notável defensor do canais marcianos , tidos como artificiais e desenhados pela primeira vez pelo astrônomo italiano Giovanni Virginio Schiaparelli(1835-1910) em 1877.
Os canais marcianos, imaginados como um último alento de uma civilização tentando salvar seu planeta da extinção, foram levados em consideração pela psique popular da época, ficcional ou não.

- Les Terres du Ciel (1884), impressão artística dos canais marcianos de Camille
Flammarion -
- arte de Chesley Bonestell para os canais -
Eles são descritos em primorosos detalhes nas aventuras do veterano da Guerra Civil estadunidense em Barsoom(como é chamado Marte no dialeto de seus habitantes), "Jonh Carter de Marte", visto pela primeira vez no livro "A Princesa de Marte"(A Princess of Mars, 1917), do pai de Tarzan, Edgar Rice Burroughs(1875-1950).

Mas, diferente de Verne , Wells não acreditava no chamado "espíito humano" , sua crença era direcionada para a natureza humana.Com o boon informativo - na verdade mais especulativo - sobre o planeta escarlate e com império da rainha Victoria estendendo seus tentáculos colonialistas nojentos sobre o mundo, Wells fez sua analogia alusiva. Dizia que se as formigas são insignificantes diante dos homens, o mesmo pode se dizer destes diante de algum poder desconhecido, neste caso os marcianos. Se bem que para Wells, não longe da verdade, os marcianos não precisavam vir nos destruir, pois já estávamos fazendo isso sem a necessidade de uma influência externa.
No correr do século XIX a ficção de invasão havia se desenvolvido com muitas publicações , mas sempre os embates eram "domésticos" , humanos contra humanos. Bons exemplos são os livros do duradouro ciclo de anti-germanismo , como "A Batalha de Dorking"(The Battle of Dorking,1871) de Sir George Tomkyns Chesney(1830-1895), que relata uma implacável invasão prussiana ao solo inglês."The Great War in England in 1897"(1894), de William Le Queux(sob pseudônimo de H. W. Wilson,1864-1927), que praticamente descreve o que seria a Primeira Grande Guerra, é outro exemplo a se destacar da literatura de invasão que se destaca da era pré-alienígenas.Le Queux ainda deu sequência aos eventos de The Great War com "The Invasion of 1910"(1906).Na Guerra dos Mundos de Wells a diferença está em trazer o inimigo de um âmbito mais longínquo que os capacetes pontudos(os alemães), mais especificamente de Marte , planeta que leva o nome do deus da guerra romano Marte (ou Ares dos gregos) e do deus da morte babilônico, Nergal .
Com os marcianos sendo os invasores, o fator humano bem como as regras de sua dita civilização não se aplicam, não haveria uma trégua , clemencia ou rendição possível.O escritor associou a aparência repugnante dos aliens e sua agressividade à teoria da evolução de Charles Darwin(1809–1882) como descrita em "A Origem das Espécies"(On the Origin of Species,1859).Wells era um entusiasta da cadeia alimentar e não teve escrúpulos em colocar a humanidade como alimento dos aliens, além de nosso sangue nutrir sua exótica vegetação vermelha.Wells alegoriza a idéia de que o Império Britânico e sua Pax Britannica são um polvo que sufocam o globo. John Bull não era melhor do que o Tio Sam é hoje.
O tópico sobre o colonialismo existe, de maneira requintadamente sutíl, dando ao livro um merecido status de romance social, pois fica claro nas entrelinhas que cabe a humanidade o papel dos povos oprimidos pelo Império.
A truculencia humana permitiu a Wells prever o surgimento das armas químicas(usadas pelos marcianos) e a forma como a Inglaterra é destruída nos remete a Europa da Primeira e da Segunda Guerra Mundiais.O maquinário extraterrestre composto pelos gigantescos trípodes e suas armas letais, bem como a demora das ações militares , tal como já havia sido visto em A Batalha de Dorking , aumentou a veracidade da obra. Certos personagens aparecem para expressar pontos de vista específicos e distintos, onde a questão do colonialismo também é abordada.O desconhecido é uma das maiores motivações do intelecto intelecto humano, fomentando dúvida e receio, por isso a investida marciana vem em forma de objetos cilíndricos do céu, não se sabe o que esperar do que pode sair de seu interior.Um detalhe original é o da narrativa contada no futuro, por um sobrevivente entrincheirado pelo ataque marciano. Até então a maioria esmagadora dos autores colocavam a narrativa no passado ou no presente.

Wells não foi o primeiro neste tipo de narração, ele já havia sido usada por Verne na distopia "Paris no Século XX"(Paris au XXe Siècle) escrito em 1863, mas só foi publicado em 1989, quando o manuscrito foi encontrado por um bisneto de Verne.Com a não publicação de Paris no Século XX , considerada pelo editor de Verne como amarga demais , tornando Wells o pioneiro desta línguagem .
Também a dama da ficção ciêntifica moderna (e na minha opinião verdadeira fundadora do gênero), Mary Shelley (nascida Mary Wollstonecraft Godwin,1797–1851) faz uso do futuro na novela apocaliptica "O Último Homem"(The Last Man,1826).
Wells extravasaria a modalidade de linguagem no futuro com o porvir de seu último livro "The Shape of Things to Come"(1933), grandiosa distopia pós-apocalipse, transformada no ótimo e icônico filme "Daqui a Cem Anos"(Things to Come,1936)de Alexander Korda(1893-1956) e William Cameron Menzies(1896-1957).Também foi livremente - e muito livremente - usado na concepção do filme canadense "H. G. Wells' The Shape of Things to Come"(1979), de George McGowan(1927-1995).
The Shape of Things to Come foi ispiração para o escritor e filósofo Olaf Stapledon(1886-1950), em sua gloriosa trilogia composta por "Last and First Men"(ou Last and First Men:A Story of the Near and Far Future,1930), "Last Men in London"(1932) e "O Construtor de Estrelas"(Starmaker,1937), livros transhumanistas interligados entre si e mostrando a evolução em uma escala cómica.
Continuando com Guerra dos Mundos , o romance foi publicado pela primeira vez nos EUA em um jornal.O jornalista Garrett P. Serviss(1851-1929) aproveitou para tirar proveito e escreveu uma pretensa continuação intitulada "Edison Conquista Marte"(Edison's Conquest of Mars,1898), onde o dito inventor da lampada, Thomas Edison(1847–1931) inventa a antigravidade, o desintegrador, uma namorada andróide e vai até Marte aniquilar os marcianos.
Serviss parece ter se influenciado em "Fighters From Mars:The War Of The Worlds In And Near Boston"(1898) história atribuído a Wells e serializada em um jornal e ,como aponta o título , colocando o front é a capital do estado de Massachusetts.
Outras continuações alternativas surgiriam com o tempo:
Em 1962 Lazar Lagin(1903-1979), escritor satírico russo demoniza o capitalismo escrevendo "Major Well Andyou"(Майор Велл Эндъю), uma análise da política contemporânea na forma da história de um major inglês que colabora com o ataque marciano."Sherlock Holmes's War of the Worlds"(1975), de Manly Wade Wellman(1903-1986) e seu filho Wade Wellman que poem o famoso detetive de Sir Arthur Conan Doyle(1859–1930) em meio a invasão marciana.O livro foi a base para a HQ em quatro partes "Sherlock Holmes In The Case Of The Missing Martian"(1990) de Doug Murray e Topper Helmers.
"The Space Machine"(1976), livro do escritor inglês Christopher Priest , mostra o casal Edward Turnbull e Amelia Fitzgibbon, que acidentados na superfície de Marte tem um embate com os tripodes que logo iniciarão sua investida a Terra. É um dos raros casos de um prequel para Guerra dos Mundos.
O personagem de Roy Thomas e Neal Adams , "Killraven"(1973-) e seus amigos, na HQ "Warrior of the Worlds" luta pela liberdade no futuro pós-apocaliptico de 2001 ,
ano em que os aliens voltam a Terra para tentar conquistá-la novamente. Aqui é dada a explicação que os alienígenas não são marcianos , são uma espécie extrasolar que usam o planeta como base.

A série de livros de ficção cyberpunk "Otherland"(1996-2002) de Tad Williams, que magistralmente reinterpreta grandes clássicos, chegando ao ponto de seus personagens encontrarem na Londres, por vota de 2070 , alienígenas remanescentes da Guerra dos Mundos.
A ótima A HQ stempunk "Scarlet Traces"(2002-) de Ian Edginton e D'Israeli para a Dark Horse , tem a premissa de que a Grã Bretanha usou a tecnologia abandonada dos marcianos para evoluir a sua própria.
O ano é 1908 e o progresso no império onde o sol nunca se põe é a única meta.
Edginton e D'Israeli quadrinizaram Guerra dos Mundos , "H. G. Wells' The War of the Worlds"(2005) , para que este servisse como prequel de Scarlet Traces.
A genial trilogia de aventura steampunk de Robert Rankin , "The Witches of Chiswick"(2003-), apresenta uma linha de tempo alternativa que vai do século XIX ao XXIII .
Aqui , a invasão marciana é iniciada devido ao sinal de Joseph Carey Merrick(1862–1890), conhecido como o Homem-Elefante.
O escritor franco-canadense Jean-Pierre Guillet escreveu o livro sequência "La Cage de Londres"(2003), imediatamente após a derrota dos marcianos, a inteligência destes planeja um segundo ataque e desta vez preparados para as adversidades ambientais que os frearam e prontos para tomar o sangue humano.Em "War Of The Worlds:Second Wave"(2006) do roetirista Alan Nelson e do desenhista Chee para o Boom! Studios , como título aponta é a segunda leva de invasores a atacar uma Terra cuja população , nos dias atuais , não acreditava na possibilidade de uma nova investida alien e por isso não se preparou adequadamente depois do terror da primeira onda.
A bem construída antologia "War of the Worlds: Global Dispatches"(1996), editada por Kevin J. Anderson , une variados contos de diferentes escritores que dão sua visão para o que seria o mundo durante e pós-Guerra dos Mundos, com destaque as ações de um seleto grupo de figuras históricas.
As estórias contam com personagens reais e fictícios, incluindo o próprio H. G. Wells, ambientados em várias partes do mundo, como , no conto "The Roosevelt Dispatches" de Mike Resnick, Theodore Roosevelt(1858–1919) verificando a pequena presença alienígena em Cuba. Ou, em “Ressurection” de Mark W. Tiedemann, Leon Tolstoy (1828-1910) e Stalin(1878-1953) na reconstrução russa após a invasão, Tolstoy transforma a Rússia em uma monarquia parlamentarista, levando a revolução ao obscurantismo .
O conto vencedor do Sidewse Award for Alternate History, “Foreign Devils”, de Walter Jon Williams em que mostra a China usando tecnologia marciana para expulsar os europeus e restabelecer o Império Chinês em uma Terra que nunca verá a República Popular da China. O conto "Afterward: Retrospective", envolvendo o gênio Jules Verne, ambienta-se em 1928 em uma Terra melhor e recuperada, plenamente consciente das lições a serem apreendidas com a Guerra dos Mundos e pronta para empreender um contra-ataque a Marte.

Anderson , sobre o pseudônimo de Gabriel Mesta , publicou em 2006 o livro "The Martian War: A Thrilling Eyewitness Account of the Recent Invasion As Reported by Mr. H.G. Wells" , no livro , Wells em pessoa junto de Thomas Huxley(1825–1895) e Percival Lowell aparecem. O governo britanico , o Dr. Moreau e Hawley Griffin desenvolvem uma variante da cólera para usar contra os marcianos.Emquanto isso , Wells viaja para a lua para libertar os selenitas que são escravos dos marcianos.Algúns detalhes da premissa do livro de Anderson são muito similares as da HQ steampunk "As Aventuras da Liga Extraordinária"(The Adventures of The League of Extraordinary Gentlemen,1999-) de Alan Moore e Kevin O'Neill, mais exatamente de "A Liga Extraordinári , Volume II"(The League of Extraordinary Gentlemen , Volume II,2002-2003), onde o grupo de figuras literárias clássicas vitorianas se vê em meio a Guerra dos Mundos. O governo britânico da HQ também utiliza de uma arma biológica criada pelo Dr. Moreau para combater os marcianos,

- que ao que aparentavam não eram de Marte, mas também, tentaram dominar o planeta vermelho onde eram combatidos por forças comandadas por John Carter e Gullivar Jones).Conhecido como a "Liga extraordinária da ediora Caliber" é a HQ "The Searchers"(1996-1997) de Colin Clayton , Chris Dows e Art Wetherell.A diferença é que a ação é emprendida pelos descendentes dos personagens literários.
Guerra dos Mundos era um livro popular, mas não alcançava a todos, a tecnologia atribuída a Marconi transformou a obra em cultura de massa, dando seu primeiro pico de popularidade , em outro meio que não o impresso , na famosa encenação radiofônica de Orson Welles(1915–1985). Com muitos informes fictícios interronpendo a "programação normal":
"Senhoras e senhores , este é o último boletim da Intercontinental Radio News , em Toronto, Canadá. O professor Morse , da Universidade Macmillam , informa ter observado um total de três explosões no planeta Marte entre 19:45h e 21:20h , horário do leste. Isto confirma as informações anteriormente recebidas de observatórios americanos. Agora, de perto de nosso lar , Trenton, Nova Jersey , chega um boletim(...)"
A maioria dos ouvintes , naquele Dia das Bruxas de 1938 , não ouviu a abertura do programa:
"A Columbia Broadcasting System e as emissoras filiadas apresentam Orson Welles e o Mercury Theatre On The Air, em A Guerra dos Mundos, de H. G. Wells".
No fundo , o trecho de um concerto musical de Tchaikovsky.O locutor continua:
"Senhoras e senhores: o diretor do Mercury Theatre e o astro deste programa, Orson Welles!"
Por estes pequenos detalhes , grande parte desta maioria , que só ouviu ou prestou atenção no rádio a parti dos bizarros eventos em Grover Mills , acreditou nesta invasão , brindando o evento com fugas em massa para as montanhas e a prontidão armada de uns mais exacerbados que , prontos para repelir as criaturas , atiravam nas caixas-dágua que eram confundidas com estes.Repórter Carl Phillips: "Senhoras e senhores , é indescritível. Mal posso me forçar a continuar olhando. É tão horrível. Os olhos são pretos e brilham. Têm a forma de uma abelha. A saliva pingando de seus lábios que parecem tremer e pulsar. Este monstro, ou o que quer que seja, mal pode se mexer. Está sendo puxado para baixo por possivelmente a gravidade ou
algo assim. A coisa está se levantando agora e os espectadores caem para trás."
Mais ruídos , que poderiam ser interpretados como repórteres sendo desintegrados.
O alvoroço e confusão , só acabaram com:
"Aqui fala Orson Welles desligado do seu personagem para assegurar-lhes que 'A Guerra dos Mundos' não teve outro objetivo além de oferecer-lhes um bom divertimento para o domingo. Sua versão radiofônica vestiu um lençol branco e saiu de trás de uma moita fazendo um 'buuuu'. Aniquilamos o mundo diante de seus ouvidos e destruímos completamente a CBS.
Espero que estejam aliviados por saberem que não tencionávamos isso e que ambas as instituições estão funcionando normalmente. De modo que, adeus a todos e lembrem-se, por favor, pelo dia de amanhã e pelo seguinte, da terrível lição que receberam esta noite. Este sorridente e globular invasor da sua sala de estar é um habitante do país das abóboras. Se baterem à sua porta e não houver ninguém lá, não é nenhum marciano... É Halloween!"
Até hoje a transmissão do roteiro adaptado pelos raramente creditados Howard E. Koch(1901–1995) e Anne Froelick Taylor(1913–2010) é motivo de acaloradas discussões sobre o poder da mídia e sobre a alienação do público.

Welles na verdade otimizava o estilo do teólogo e escritor inglês, Ronald Knox(Ronald Arbuthnott Knox (1888–1957), que aterrorizou os incautos ouvintes da ilha real com uma falaciosa revolução Bolchevique varrendo Londres em 16 de Janeiro de 1926, através das ondas da BBC usadas por um Knox entrincheirado nas ruínas do Savoy Hotel, que relatavam a queda da Casa do Parlamento e do Big Ben pelo fogo dos morteiros que também chacinaram o primeiro minitro e família real. Knox ainda pode contar com uma coincidência, a falta da distribuição de jornais que maximizou os receios do evento conhecido como "Broadcasting from the Barricades".
Além da infame transmissão do futuro diretor do clássico absoluto, "Cidadão Kane"(Citizen Kane,1941), as seguintes dramatizações são as mais lembradas:
Rádio de Santiago no Chile(1944).

Radio Quito, Equador (1949), com registro de uma pessoa morta em meio ao pânico causado pelo programa.
Rádio BBC londrina em 1950 , que repetiu a dose em 1967.
A WKBW, de Buffalo(NY), que realizou o programa em 1968 , 1971 e 1975.
A NPR, de rede nacional dentro dos Estados Unidos, em 1988 , que fez uma transmissão especial pelo aniversário de 50 anos da encenação de Welles.No caso chileno houve balbúrdia generalizada , não pelo temor aos marcianos , mas para que a transmissão não fosse feita.
Um caso curioso sobre as representações de invasões marcianas, e experiências que resultaram em confusões e temor , pelo rádio aconteceu em nosso solo pátrio ,mais exatamente em Caratinga–MG e em São Luís-MR.O que lerão a seguir foi tirado da revista "Diálogos"(DHI/PPH/UEM, v. 9, n. 3, p. 185-208,2005).Em 22 de novembro de 1954, um radiotelegrafista de Caratinga - MG transmitiu durante quase uma hora a mensagem informando que um disco voador havia aterrissado na cidade. De forma insistente, pedia que enviassem “forças urgentes” ante a situação de pânico em que a cidade estaria em decorrência de uma invasão marciana.A transmissão , que detalhou os marcianos , seus armamentos , suas naves e uma aterrorizante invasão , foi captada inicialmente em Belo Horizonte. Ao tomar conhecimento da impressionante transmissão , quatro jornais de Belo Horizonte teriam enviado seus repórteres a Caratinga em aviões monomotores alugados.
Logo após ser recebida na capital mineira, a notícia foi retransmitida para o Rio de Janeiro , onde fez muitos ouvintes acreditarem que Caratinga fora mesmo invadida. Em Belo Horizonte, os telefones das redações de alguns jornais não cessavam de tocar, e no Rio de Janeiro a transmissão gerou confusão no Ministério da Aeronáutica. De acordo com jornais da época , um brigadeiro que pedalava no Leblon guardou a sua bicicleta às pressas e retornou a sua base ministerial a fim de mobilizar as forças pedidas pelo até então desconhecido radiotelegrafista de Caratinga.
Imediatamente, sob o comando de um coronel , um grupo de oficiais da Aeronáutica levantou vôo no C-47 20-53 da FAB , rumo à cidade mineira, com fotógrafos e vários apetrechos , enquanto outros aparelhos teriam ficado de prontidão na pista de decolagem , com os motores funcionando, aguardando somente a ordem de partir.
Quando a imprensa carioca já estava se mobilizando para documentar o grande acontecimento do século, enviando seus repórteres ao Ministério da Aeronáutica para cobrir as aterrissagens dos marcianos em Caratinga , o boato já havia sido desmentido com outra mensagem radiotelegráfica vinda da cidade mineira: “Aqui não desceu disco nenhum, cidade na mais perfeita calma”(JORNAL ULTIMA HORA, 1954, p. 6). Pouco depois , o avião enviado pela FAB retornou de Caratinga também com o desmentido. A cidade voltou , enfim, à sua habitual tranqüilidade. Foi esta mesma tranqüilidade que deixou o radiotelegrafista entediado com a cidadezinha pouco movimentada , levando-o a inventar a história da invasão extraterrestre para “quebrar a pasmaceira”. O trote não passou , segundo os jornais , “de mais uma brincadeira de mau gosto no estilo de um certo Sr Orson Welles”. Obviamente , muitas pessoas não gostaram da brincadeira , entre elas o diretor regional do Departamento dos Correios e Telégrafos(DCT) em Minas Gerais , que mandou abrir inquérito para apurar devidamente o fato causado pela atitude de um radiotelegráfico que considerava Caratinga demasiado monótona. Ao divulgar suas desculpas -com a foto do rapaz aturdido e cabisbaixo– um jornal da época teria dito: "era um moço triste, e ficou mais triste ainda". Comparada a outro programa produzido quase 20 anos mais tarde , a transmissão feita em Caratinga-MG , não causou tanta confusão.Durante a ditadura militar , em 30 deDurante a ditadura militar, em 30 de outubro de 1971, no aniversário da Rádio Difusora de São Luis-MA , os diretores da estação produziram um programa em que anunciaram que o mundo estava sendo atacado por ameaçadores extraterrestres(O IMPARCIAL, 1971). Em plena Guerra Fria , a invasão imaginada pelos diretores tornava a URSS e os EUA , antigos inimigos ideológicos , aliados em uma luta atômica contra os marcianos.
Com o propósito de impulsionar seus negócios , os diretores da Rádio Difusora planejaram fazer um programa de grande repercussão que pudesse aumentar a audiência da emissora e atrair mais anunciantes. Para dar credibilidade à invasão marciana , que foi transmitida através do programa líder de audiência “Paradão do Rayol”, o idealizador do roteiro e coordenador da transmissão utilizou locais próximos a São Luís , como Cururupu , município do litoral maranhense.
No início daquela manhã, antes de o programa da “invasão” ser transmitido , um radialista informou que um intelectual, em um furo de reportagem , entrevistaria um astrônomo do Observatório Nacional.De acordo com o radialista , o dito cientista estava no Maranhão para investigar vestígios de uma nave que teria aterrissado nas proximidades da capital , onde existia, e de fato existe, um tipo especial de areia denominado monazítica.
Durante a entrevista o cientista revelou ter encontrado uma peça de magnésio desconhecida no planeta Terra , objetivando criar certa expectativa entre os ouvintes. Pouco depois , o apresentador de “Paradão do Rayol” informou que um cientista do Observatório de
Monte Palomar teria visto uma série de explosões de gases incandescentes na superfície do planeta Marte que expeliam partículas em uma “velocidade fantástica” em direção ao planeta
Terra. A informação foi confirmada pelo suposto cientista do Observatório Nacional do Rio de Janeiro , que comparou as explosões marcianas às “chamas azuladas saídas de um cano de revólver”.Os boletins informativos distribuídos ao longo do programa , assim como na transmissão de Orson Welles , contribuíram para convencer os ouvintes de que estavam presenciando acontecimentos verdadeiros.
Para impressionar os ouvintes, o roteirista buscou estratégias como o anúncio de que a Rádio Difusora AM entraria em cadeia com a Rádio Repórter do Rio de Janeiro e que manteria o seu sistema de escuta junto à emissora Voz da América e à BBC de Londres. Outro artifício utilizado foi noticiar que a Organização Meteorológica Internacional havia solicitado que todos os observatórios da Terra ficassem atentos às mudanças ocorridas em Marte.
Como a cidade estava ligada ao continente por uma ponte no Estreito dos Mosquitos , o idealizador do programa decidiu que a aterrissagem da nave alienígena deveria ocorrer na entrada da cidade , no Campo de Perizes. Desse modo , o roteirista esperava evitar distúrbios nas ruas e uma possível fuga em massa , pois acreditava que as pessoas teriam medo de passar por um local de maior perigo , quando já se havia noticiado que uma equipe de reportagem haveria sido desintegrada pelos invasores nesse local.O programa também anunciou que o exército brasileiro estava de prontidão , e que o 24º Batalhão de Caçadores de São Luís estava recolhido ao quartel , pronto para entrar em ação. A situação representada através da estação de rádio tornava-se mais dramática à medida que a narrativa informava a aproximação dos extraterrestres à capital. Os momentos mais ameaçadores do fantasioso relato foram: o extermínio da equipe de reportagem , a queda de uma esfera metálica de 30 metros de diâmetro e a aproximação de uma densa nuvem negra mortífera. Outra notícia que certamente deixou muitos ouvintes estarrecidos, foi um informe em que se buscava convencer o ouvinte de que eventos semelhantes estavam a ocorrer no Rio de Janeiro. Confirmando a informação anterior de que a emissora entraria em cadeia com a Rádio Repórter , a estação maranhense retransmitiu a desoladora cena de destruição causada pelos invasores na enseada de Botafogo, como se ela fosse vista a partir “de um dos edifícios mais altos da cidade”. A divulgação de tais notícias , de acordo com um documento emitido pela Divisão de Segurança do Comando da 3º Zona Aérea do Ministério da Aeronáutica , causou pânico em todo o Estado(200/CISA/BR, 1971).
Não apenas o comandante do 24º BC recebeu inúmeros telefonemas de ouvintes completamente aterrorizados , mas também a emissora atendeu a várias ligações de pessoas desesperadas que tinham parentes em outros estados , e até mesmo de um capitão da Polícia Militar , ávido por informações sobre a invasão marciana.
O impacto que a “invasão” teve sobre a população pode ser avaliado pela decisão estabelecida em reunião do comandante do 24º BC com juízes federais, o procurador da Justiça Estadual e o delegado da Polícia Federal , de retirar imediatamente a emissora do ar. A penalidade só não foi maior porque a equipe montou um truque de edição. O programa que foi gravado e apresentado aos órgãos de segurança depois da transmissão teve acrescido o texto “ficção científica baseada em Orson Welles”, que não havia sido lido na transmissão. A fraude, associada aofato de que o programa havia sido previamente liberado pela censura , contribuiu para evitar que a emissora fosse punida pelo Departamento Nacional de Telecomunicações (Dentel). No entanto, o comandante do 24º BC em São Luís, depois de ouvir a versão que continha o texto “ficção científica baseada em Orson Welles”, exigiu que as empresas de comunicação do proprietário da emissora de rádio, a Rádio e a TV Difusora, veiculassem uma nota de esclarecimento a cada meia hora para tranquilizar a população .
Apesar do esforçado estudo da rádio maranhense em adaptar o drama de Welles para a realidade da Guerra Fria , isto tudo em uma época em que o meios de comunicação eram mais elucidativo do que nos velhos tempos da transmissão de Wells , o por que que ninguém se preocupou em ligar a TV para ter imagens de tal evento é um mistério que nunca sera elucidado, isso mais o detalhe que a mencionada Organização Meteorológica Internacional(OMI), fundada em 1873, já não existia em 1971.
Relativo ao teatro radiofônico de Welles, o genial e divertido cartoon "Kitty Kornered", de 1946, ano em que as palavras de Welles ainda ressoavam na cabeça de muitas pessoas, dirigido por Bob Clampett(Robert Emerson "Bob" Clampett,1913—1984), amigo de Edgar Rice Burroughs, onde Frajola e alguns gatinhos que também não querem ir para fora, disfarçam-se de marcianos, anunciam no rádio a invasão , e infernizam o pobre e gago suíno Gaguinho.

Os ratinhos brancos de laboratório , "Pinky e o Cérebro"(Pinky and the Brain), quando ainda era um segmento de "Animaniacs", no episódio "Batalha pelo Planeta"(Battle For The Planet), Cérebro , faz as vezes de Welles para levar todos ao pânico e assim , como de praxe , tentar dominar o mundo.Mas no seu caminho estava um Pinky.

No aloprado "Pica-Pau"(Woody Woodpecker), no episódio "Formigas de Marte"(Termites from Mars, 1952), de Don Patterson (1909-1998), a TV tenta avisar o topetudo do perigo marciano.
Ou a histeria que o maquiavélico pássaro provoca ao descer do ar em uma calota, em "Um Pica-Pau de Marte"(Woodpecker from Mars, 1956), de Paul J. Smith(1906-1980).
"Zooooooommmm……"
O mesmo caso de homenagem pode ser apreciado em um segmento de "Casa da Arvoré dos Horrores XVII"(Treehouse of Horror XVII, 2006) de Os Simpsons.Recuando para o passado televisivo, em outra série focando uma família, a clássica animação "Os Flintstones"(The Flintstones, 1960-1966, 166 episódios), talvez a criação máxima da Hanna-Barbera, tem em seu episódio "Baile de Máscaras"( The Masquerade Party, 1965), onde um pré-histórico radialista apavora a população de Bedrock com uma pequena peça narrativa.

Na cancelada série "O Visitante"(The Visitor, 1997-1998, 13 episódios), de Dean Devlin e Roland Emmerich, o genial episódio "A Noite do Dêmonio"(Devil`s Night ou Teufelsnacht, 1997), também tem radialista relatando uma invasão na noite de Hellowen, o detalhe é que ele vê uma nave alien de verdade, mas , pelo puro pavor , acaba relatando um pandemônio, que poucos houvem. "Welles saiu do túmulo."
A edição número 62(1950) de Superman, com a história "Black Magic On Mars" de Wayne Boring(1905-1987) e Stan Kaye(1916-1967) mostra como o radialista ajudou o homem de aço a expulsar os vilanescos marcianos ao mesmo tempo que tentava alertar a população sobre os invasores.
O título é uma referência direta ao filme, co-produção Estados Unidos/Itália, "Memórias de um Mágico"(Black Magic,1949), de Gregory Ratoff(1897-1960) baseado em uma peça redigida por Alexandre Dumas, filho(1824—1895) sobre o viajante, ocultista, alquimista, curandeiro e maçom do século XVIII , Conde Cagliostro(Alessandro, Conde Cagliostro,1743–1795), interpretado por Welles.
Superman também enfrenta os marcianos clássicos de Wells em "Superman:Guerra dos Mundos"(Superman: War Of The Worlds,1998), magistralmente ilustrado pelo traçado nostálgico de Michael Lark e roteirizado pelo acurado Roy Thomas , que aproveitam o fato de no ano da transmissão de Welles também ser o ano da publicação do super-herói de Jerry Siegel(Jerome "Jerry" Siegel,1914–1996) e do canadense Joe Shuster(Joseph "Joe" Shuster,1914-1992).
Exatamente uma década antes de Superman #62, no número 1 do primeiro título seriado do paladino da noite, Batman, criado por Bob Kane(1915-1998) e Bill Finger(1914-1974) no ano anterior, em Batman #1 em uma caça ao vilão estre"aquele rapaz que assustou todo mundo com essa história de Marte pela última vez."ante, o Coringa, é possível ver uma menção direta a emissão radiofônica de Welles. "...aquele rapaz que assustou todo mundo com essa história de Marte na última vez."

Na década de 1970 a finada editora Gold Key publicava uma obscura mas cultuada revista em quadrinhos intitulada "UFO Flying Saucers", na quinta edição, de 1974, uma história de quatro páginas, cujos créditos se perderam no tempo, vagueava pelo temor real da falsa invasão transmitida por Wells.
A aclamada revista de horror "Creepy", dedicou o número 87, de Março de 1977, as histórias inspiradas pela estrela da guerra, com claras reminiscências a Burroughs, Ray Bradbury e com belos marcianos com tentáculos e trípodes a moda de Wells.
A DC Comics revistava, em 1986, a origem do herói urbano Lee Walter Travis, alter-ego do primeiro herói uniformizado da Era do Ouro, o Vingador Escarlate, criado por Jim Chambers no mesmo ano do engodo de Welles. Com um generoso quinhão de referencias a emissão que tornou Welles famoso, o paladino moderno ainda pronuncia:"Eu acho que prefiro ter dito que um Virgador Escarlate anônimo derrotou os 'marcianos'."

Outro herói clássico une-se ao mesmo jogo de alusões ao evento de 1938, O Sombra, originalmente criado para o rádio em 1930 por Walter B. Gibson(1897-1985), no número 7 da revista "Shadow Strike", lançado em Março de 1990, trazia na história "To Clouds Men´s Mind" em que o próprio encapuzado era o tema do pavor transmitido pelo microfone de Welles.

Outra HQ , a "Graphic Classics. H.G. Wells"(2005), da Eureka Productions, é uma graphic novel com quadrinizações das estórias de Wells, em Guerra dos Mundos, de Nick Miller e Antonella Caputo, mesclam-se os eventos do livro com a transmissão de Wells.
A fantástica HQ "The Broadcast"(2011), da editora NBM apresenta uma coleção de histórias aleatórios pegos de surpresa pela emissão de Welles. A arte ranhurada de Noel Tuazon sob o pungente roteiro de Eric Hobbes faz de The Broadcast uma anatomia do evento de 1938.
O filme "A Era do Rádio"(Radio Days,1987), de Woody Allen, uma espiadela na classe média estadunidense na era de ouro do aparelho de Marconi. Com vários clássicos dos anos 30 e 40, uma homenagem a Guerra dos Mundos também figura por sua programação.
O telefilme "The Night That Panicked America"(1975), de Joseph Sargent , relata a verdadeira história da radioteatro de Welles, a ótima dramatização é dividida entre transmissão e seus realizadores e a reação pública.

O tema já havia sido usado de maneira bem explorada em uma séries de interlúdios no bom, mais dramático e quase documental "Studio One The Night America Trembled"(1957), de Tom Donovan.
Donovan realizou o filme tendo como base a série de antologias dramáticas, de rádio e TV , "Studio One"(1948-1958), criada pelo diretor canadense Fletcher Markle(1921-1991) para a CBS, e mais tarde passando para a CBC, indicada 13 vezes ao Emmy Award e ganhando 5 vezes.
O episódio "O Filho do Defensor"(Son of the Defender, 2007) da série "Justiça sem Limites"(Boston Legal,2004-2008, 101 episódios), do criativo David E. Kelley, usa de muitos cenas da série Studio One(mais exatamente do episódio "The Defender", onde muito convenientemente tem a participação de Willian Shatner).

Justiça Sem Limites é um spin-off , que usa bem mais de irônia, da série "O Desafio"(The Practice,1997-2004,168 episódios)

Ainda para a TV, pode-se colocar como "membro honorário" desta seleta galeria, os gigantes Zentraeds, primeiros vilões da franquia Macross, iniciada em "Choujiku Yousai Macross" - também conhecido no Brasil como "Guerra das Galáxias - , produzido entre 1982 e 1983 com 36 episódios. As máquinas alienígenas que figuram em Macross, apesar de serem bipódes, tem clara inspiração nos engenhos de três pés de Guerra dos Mundos.
Na comédia "Os Invasores do Espaço"(Spaced Invaders,1990), de Patrick Read Johnson, aliens que interceptam as ondas de rádio que contem a transmissão de Welles e resolvem seguir o roteiro vindo para a Terra.

Guerra dos Mundos em si ganharia o cinema em 1953, em uma obra que foi considerada imsuperável, e ainda o é por algúns. O filme, que se atem mais ao roteiro de Welles do que o livro, ficou a cargo do competente produtor George Pal(nascido György Pál Marczincsák,1908–1980), famoso na época pelo filme de ficção apocaliptica/pós apocalíptica, e por muito tempo referencia do gênero, "Colisão entre Planetas"(When Worlds Collide,1951), baseado na novela de Philip Wylie(1902–1971) e Edwin Balmer(1883-1959) escrito em 1932.Uma curiosidade pouco conhecida é o fato de Wylie e Balmer terem dado uma continuação a obra com "After Worlds Collide"(1934), o qual George Pal também tencionava adaptar para o cinema, infelizmente nunca o fez.
Pal , alguns anos depois levaria outro escrito de Wells para as telas, sendo o diretor , produtor e um Morlock de "A Máquina do Tempo"(The Time Machine,1960) usando o livro homônimo publicado em 1895,
que poucos sabem , possuir uma boa continuação no livro "The Time Ships"(1995) de Stephen Baxter, com autorização dos herdeiros de Wells. Mostra a história acontecendo imediatamente após os eventos do livro de Wells.
A direção de Guerra dos Mundos ficou ao cargo de Byron Haskin (1899–1984) muito ativo em sua época e com um respeitável currículo que incluia seis episódios da clássica série "Quinta Dimensão'(The Outer Limits,1963-1965,49 episódios)de Leslie Stevens(Leslie A. Stevens III,1924–1998), entre esses o episódio "Arquitetos do Medo"(The Architects of Fear) escrito por Meyer Dolinsky(1923-1984).
Cujo legado conta com a clara inspiração para a Graphic Novel do século XX e um dos 100 melhores romances eleitos pela revista Time desde 1923, "Watchmen"(1986-1987), de Alan Moore e Dave Gibbons.
Haskin , anos mais tarde , dirigiria "Robinson Crusoé em Marte" (Robinson Crusoe on Mars,1964), baseado no personagem de Daniel Defoe(1659/1661[?]-1731), onde coloca máquinas marcianas muito similares ao filme de 53.
O duo George Pál e Byron Haskin se uniriam novamente em 1955 para realizar a ficção hard "Conquista do Espaço"(Conquest of Space), baseado no livro não-ficção de mesmo nome do ilustrador Chesley Bonestell(1888–1986), conhecido como o "Pai da Arte Espacial" , e do escritor , ciêntista e advogado Willy Ley(1906-1969), publicado em 1949.
Conquista do Espaço também incorpora material do livro "The Mars Project"(1952) do gênio alemão, e nazista que levou o homem a Lua, Wernher von Braun(Wernher Magnus Maximilian Freiherr von Braun,1912–1977).Voltando ao filme Guerra dos Mundos, a obra mostra devastação em escala global , o que é apenas insinuado no livro. Por motivos técnicos e orçamentais os tripods foram abandonados , em vez deles, naves com pernas magnéticas,
bem como os extraterrestres agora bípedes, aquém das formas de moluscos descritos por Wells.As cenas que passeavam da decadente civilização marciana perscrutando os céus, passando pelosos objetos caindo na Terra até a queda alienígena, bem como a destruição magistralmente montada com filmagens reais da Segunda Guerra Mundial e de grandes desastres naturais - como o grande terremoto na San Francisco de 1906 - , atraíram o público ao filme de 2 milhões de dólares e merecido ganhador do Oscar de efeitos especiais, transformando a obra em um sucesso estrondoso.
havia gravado em 1949 uma cena teste de um marciano, com tentáculos visualmente próximo da descrição de Wells, deixando um dos cilindros que pousam na Terra.Bem, eram os anos do infame Macartismo, no auge dos filmes de invasão alienígena, estes não representavam realmente alienígenas, mas sim os comunistas e o temido Pacto da Varsóvia. O senador energúmeno Joseph McCarthy(Joseph Raymond McCarthy,1908–1957), dizia cheio de um garbo - que contrastava com sua imbecilidade -, que os vermelhos se avultavam embaixo de cada cama do ocidente. A ameaça do "Terror Vermelho" se refletiu na cultura por um longo período, convenientemente com um léxico que poderia ser usado em alegoria. Por exemplo , os belicosos Klingons de Jornada nas Estrelas.


Nos anos do bipolarismo da Guerra Fria, os Klingons eram os vis representantes alusivos do povo do senhor Chekov, uma raça de carniceiros desgraçados aos quais dar as costas é assinar a sentença de morte. Com o degelo da guerra nos anos 80 e a ruína final do império soviético em 1991 por seu próprio povo e sem um único míssil deixar seu silo,
uma nova perspectiva de aliança se apresentava no novo mundo monopolar, então , os Klingons passaram de sanguinários traiçoeiros para honrados inimigos cujo respeitável senso moral permitiria um futuro de duradoura aliança e paz. Diziam, inclusive, que se você não leu Hamlet na língua Klingon, você nunca pegou toda a essência do poeta.
Esta mudança de postura pode ser vista em "Jornada nas Estrelas VI-A Terra Desconhecida"(Star Trek VI: The Undiscovered Country,1991)de Nicholas Meyer.
O patamar de histeria anti-comuista, inspiração para todo um veio da ficção científica da época, também pode ser melhor notado na novela "Os Invasores de Corpos"(The Body Snatchers,1954), de Jack Finney(1911–1995) e adaptada para o cinema quatro vezes ("Vampiros de Almas"[Invasion of the Body Snatchers, 1956], de Don Siegel(1912—1991), "Os Invasores de Corpos"(Invasion of the Body Snatchers, 1978), de Philip Kaufman , "Invasores de Corpos"(Body Snatchers,1993), de Abel Ferrara e "Invasores"(The Invasion, 2007), de Oliver Hirschbiegel) , a estória é um marco para a ficção de infiltração alien e é uma metáfora ao discurso do senador McCarthy, em 1957 - quando o Sputinik deixava a Nasa para trás e ao boato de que as crias de Stalim podiam espiar os decentes moradores dos Estados Unidos da órbita da Terra ou levar suas bombas a plataformas geocêntricas - , bastava um bom cidadão fechar os olhos por umbastava um bom cidadão fechar os olhos por um instante , os olhos que tornariam a abrir seriam os de um cruel comunista.

Continuando , por volta de 1975 , George Pal concebeu uma série que continuaria os eventos vistos no filme de 53. A série nunca foi além de algumas cenas e artes conceituais do que seria o episódio piloto. É um consenso de que teria dado um ótimo programa.
Infelizmente o seriado que saiu do papel , "Guerra dos Mundos"(War of the Worlds,1988-1990, 43 episódios), com direção de Greg Strangis, que pretenciosamente se considerava continuação do filme de 53 , estava deveras aquém do tato e talento de Pal.



Tudo o que dá suc


esso movimenta a indústria capitalista, e os derivados da obra de Wells - e por que não de Welles - surgem de tempos em tempos.



Continua...

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