O Mecha da Igreja

Há poucos dias estava sentado lendo no parque quando uma formosa moça, colaboradorada da empresa Igreja Universal, me deu um exemplar da revista Plenitude do mês de Outubro, para valorizar o trabalho da moça, folheei a revista, confesso que até algumas coisas úteis em meio a lavagem cerebral cristã. Me causou um pouco de surpresa, mais do que as utilidades da publicação a foto que ilustrava a pequena nota sobre a Olimpíada Brasileira de Robótica.Nenhum dos muitos modelos que costumam participar de competicões foi usado para encabeçar a nota ,em vez, disso uma foto de um modelo variante do mecha Vifam, da série Ginga Hyōryū Vifam(1983-1984, 46 episódios), a primeira coisa que me veio em mente foi que a Igreja Universal pensasse que a Olimpíada Brasileira de Robótica fosse uma letal arena de mechas gigantescos e armados em grandiosos combates no estilo de ROBOJOX - Os Gladiadores do Futuro(ROBOJOX,1990), de um dos mester do baixo orçamento, David A. Prior
mas isso foi até ler a notícia e ver a seriedade com que foi tratada.
Vifam mostrava no ano 2058, um consórcio de espécies alienínas conhecido como Astrogaters atacando Clayad, colônia distante 43 anos luz da Terra. Grande parte dos adultos morre com o ataque, crianças em idades entre 4 e 15 anos formam o grosso dos sobreviventes que evacuam a colônia caída em um cargueiro. Com os aliens atacando o cargueiro em fuga o número de adultos deixa de ser expressivo, legando as crianças a terefa de sobreviver, se esforçando para entender os alienígenas e tentar fazer o caminho de volta para a Terra. Embora não creio que os responsáveis pela foto da revista evangélica tenham a menor noção do que seja Ginga Hyōryū Vifam , escolheram muito bem, Vifam era mais do que uma série de robô gigante salvador, na verdade o mecha era apenas mais uma ferramenta para a sobrevivência das pobres crianças, profundamente calcado na revolução que foi o primeiro Gundam, de Yoshiyuki Tomino,Exercendo um dos principais objetivos da ficção científica, usar um cenário distante para a alegoria do que temos no presente, Vifam exaltava a máxima de que o futuro está nas crianças, futuro por vezes ameaçado pela ambição adulta, da velhas e inúteis Cruzadas as guerras e o uso militar infantil. Embora a ilustração de Vifam tenha sido uma escolha idiota para ilustrar a Olimpíada Robótica, foi uma decisão deveras feliz para o que poderia ter sido, talvez ainda haja alguma esperança para a religião, não que eu acredite nisso.

Até mais e que a força esteja com você.