Na história de Goyer, o Superman está defendendo o povo da opressão em Teerã, no Irã, o Homem de Aço é uma poderosa barricada contra as forças opressoras de Mahmoud Ahmadinajad. O ponto alto da história é a renuncia do kriptoniano à sua cidadania estadunidense, para não ter que responder pelos Estados Unidos ou pelas Nações Unidas, nem ser limitado pelos poderes estatais, pois "o mundo é pequeno. Conectado demais." para tais limitações. Não é preciso ter poderes para saber como os meios de comunicação fascistas dos Estados Unidos trataram a questão, o Twitter de muitos autores foi lotado de apoios, dos mais "liberais" e negativas dos conservadores. Os mais desconhecedores (burros) dos quadrinhos encheram a caixa de e-mails de Steven Whacker, editor da Marvel Comics, para reclamar sobre o que a editora do Capitão América e do Homem-Aranha havia feito com o orgulho dos Kent. O boicote para os títulos da DC Comics é a possibilidade vista pelo Examiner, a enojante e ultraconservadora, para não dizer sensacionalista, Fox News explorou os brios patrióticos de seu público para taxar Kal El de "anti-americano". O New York Post, como uma mídia mais séria e com os pés no chão(embora tenha cometido seus arroubos de sensacionalismo no início da guerra do Afeganistão e do Iraque) publicou uma declaração conciliatória do co-publisher Dan Didio: "O Superman é um visitante de um planeta distante que há muito abraçou os valores dos EUA. Como personagem e como ícone, ele incorpora o melhor do Modo de Vida Americano. Em uma história curta na revista Action Comics 900, ele renuncia à sua cidadania para dar um foco global à sua batalha que nunca termina. Mas ele permanece, como sempre, comprometido com seu lar adotivo e suas raízes, como um garoto fazendeiro do Kansas vindo de Smallville". Bem, em todos estes anos de HQs, nunca gostei muito do fazendeirinho kriptoniano, alguém que pode resolver grande parte dos problemas do mundo
e não o faz para no final de cada história levar a bandeira de volta ao mastro da Casa Branca, sua atuação global era ridícula e o ufanismo se mantinha enquanto continentes gritam em sofrimento. Não é questão de anti-americanismo, é uma questão de humanismo.
O exemplo que costumo usar é sua participação em "O Cavaleiro da Trevas"(Batman: The Dark Knight Returns), com a guerra global eclodindo, Kent escolhe um dos lados belicosos ao invés de lutar para para-los.
Em fevereiro de 2009 o temperamental gênio britânico, Alan Moore(Watchmen, Supremo) desabafava sobre a indústria de adaptações de HQs para o cinema, as palavras de Moore podem ser convertidas sem muito esforço para a indústria de quadrinhos dos Estados Unidos, na época(e até poucas horas atrás) , uma aventura estilizada do Superman era a melhor ilustração para o motivo da declaração:
"A principal razão pela qual quadrinhos não funcionam no cinema é que praticamente todo mundo no comando da indústria de cinema é contador. Essa gente sabe somar e equilibrar o livro-caixa, mas para qualquer outra coisa são burros, incompetentes e não têm qualquer talento."
"Tivemos um produtor de Hollywood particularmente obtuso que disse 'vocês nem têm que produzir o gibi, é só colocar o nome de vocês nessa idéia e eu faço o filme e vocês ganham um monte de dinheiro - é... A Liga de Animais Extraordinários! Vai ser como o Gato de Botas!'. Eu só disse 'Não, não, não. Nunca mais mencione isso para mim'."
"A gente precisa de mais filmes-porcaria no mundo? Já tivemos o bastante. E esses 100 milhões de dólares [orçamento de Watchmen: O Filme e de A Liga Extraordinária] podiam acabar com a guerra civil no Haiti. Além disso, os quadrinhos originais são sempre melhores."
"Na época em que escrevi Watchmen, eu ainda acreditava nos bastardos venenosos [os super-heróis], eu tinha uma opinião diferente sobre quadrinhos de super-herói norte-americanos e o que eles significavam (...). Os EUA têm uma afeição desmedida por lutas desleais. É por isso que armas são tão populares lá - porque você pode atacar de supresa, atirar pelas costas, lutar de forma bastante covarde. O que lá chamam de fogo amigo, no resto do mundo a gente chama de fogo americano."
"Acredito que a grande verdade sobre os super-heróis é que os EUA não iam querer nenhum contra eles. Eles preferem não se envolver em uma briga se não tiverem poder de fogo maior, ou são invulneráveis porque vieram do planeta Krypton quando eram bebês. Acho que essa é a vergonha por trás de todo mito do super-herói norte-americano. É o único país em que esse gênero funcionou. Nós britânicos vamos ver filmes americanos de super-heróis assim como o resto do mundo, mas nunca criamos super-heróis nossos de verdade."
Em Action Comics #900, o dialogo em que Superman expõe sua renuncia e diz estar cansado de ser instrumento da política estadunidense, me atrevo a dizer que é um dos mais fascinantes de todos estes quase 73 anos do personagem.
Embora alguns autores tentassem fazer de Kal El um herói global, as iniciativas eram sempre rechaçadas, talvez esta também não dure muito, mas neste instante de maturidade e consciência global do herói, considerado como o maior de todos os heróis, eu vi nele o verdadeiro homem do amanhã, um super-herói da Terra que o acolheu .
Embora alguns autores tentassem fazer de Kal El um herói global, as iniciativas eram sempre rechaçadas, talvez esta também não dure muito, mas neste instante de maturidade e consciência global do herói, considerado como o maior de todos os heróis, eu vi nele o verdadeiro homem do amanhã, um super-herói da Terra que o acolheu .